A mesma cena se repete
Ultimamente temos acompanhado o triste drama de milhares de famílias piauienses que tiveram suas casas invadidas pelas enchentes e perderam todo seu patrimônio construído ao longo de suas vidas, por conta das cheias que assolaram o nosso Estado.
No entanto, não seria certo culpar somente a natureza e colocar o ocorrido apenas como uma catástrofe natural, pois estaríamos fazendo exatamente o que o Estado espera. Neste sentido, acabaríamos por esconder um triste drama social que tem se instalado na grande maioria das cidades do Brasil nos últimos tempos. Drama esse, ocasionado por conta do crescimento exacerbado das cidades, em nosso caso, Teresina.
Nossa cidade vem crescendo vertiginosamente ao longo dos anos, e o Estado não tem realizado um acompanhamento eficaz dessas novas áreas ocupadas. Ao que parece é de interesse do Estado que tragédias como essa ocorra, pois em momentos como esse, a verba é garantida, e o melhor, sem licitação para a alegria dos “abutres” que se mantém através da miséria da classe trabalhadora.
A cada dia centenas de pessoas são empurradas para as zonas periféricas da cidade, morando em subhabitações, sem nenhuma infraestrutura, como: saneamento, água encanada e outros elementos básicos para a sobrevivência digna de um ser humano. Devido à especulação imobiliária que ocorre na maior parte da cidade, privilegiando as zonas nobres, que somente a elite tem acesso, a única alternativa que sobra para a classe trabalhadora é a ocupação das áreas de vulnerabilidade da cidade, ou seja, locais que anos após anos são acometidos por enchentes.
Os rios que cortam a nossa cidade deveriam ser preservados, no entanto, a situação que se observa é totalmente diferente, pois nossos rios são diuturnamente poluídos, recebendo os esgotos de forma direta dos sistemas coletores da cidade. Essa situação pode ser comprovada quando vemos que os prédios de luxo que se encontram na zona privilegiada da cidade, e também, os Shoppings centers, descarregam seus dejetos, sem passarem por nenhum tratamento, diretamente na calha do rio através de grandes “bocas de lobo” ao longo do rio Poty.
Por isso as populações que se encontram com suas casas submersas pelas águas, além dos prejuízos materiais, correm sérios riscos de serem contagiadas por doenças, através do contato com as águas poluídas.
Portanto, o cenário de destruição que presenciamos na cidade de Teresina é um reflexo do descaso do Estado para com a maioria da população explorada e sofrida que é obrigada a viver nestes locais por não ter alternativa.